O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes coloca que a amamentação como “contraindicada para mulheres infectadas pelo HIV”.
O presidente da Articulação Nacional de Saúde e Direitos Humanos, Renato da Matta, conta que passou por situações constrangedoras ao solicitar o produto. A família recebeu do médico responsável, a solicitação para retirar a fórmula láctea na ONG Sape Amigos que atua há 30 anos dentro do hospital.
“A instituição funciona apenas na última quarta-feira do mês e exige uma série de documentos e burocracias para se ter acesso à fórmula. E se a mãe tem filho no início do mês e precisar do produto? Quantas mães já passaram por lá e que não têm condições de comprar a fórmula para esperar o atendimento da ONG?”, diz Renato ao enfatizar o valor do produto nas farmácias que custa, em média, 60 reais cada lata.
No entanto, os problemas apresentados continuam. O ativista conta que as pessoas que solicitam a fórmula precisam responder a perguntas constrangedoras como “quem tem aids na sua família? Ao final, disseram que eu não tinha direito à formula porque trabalho de carteira assinada e eles só distribuem o produto para pessoas em vulnerabilidade e que por serem uma ONG, eles determinam que tem direito.”
*Ana deu à luz a seu primeiro filho em julho de 2019 e apesar de fazer todo o acompanhamento há vinte anos no hospital também teve problemas. “O tratamento para HIV no hospital como um todo é impecável. Eu até entendo que a ONG não pode atender todo mundo, mas essa seleção é feita de forma constrangedora. Perguntam se a gente mora em barraco, se a gente mora com esgoto e quem trabalha não consegue pegar. A gente tem que se virar pra ir no único dia que eles liberam. Não é sobre quem tem condições, é sobre o direito do meu filho, está na constituição. O hospital disponibiliza o leite só para crianças que nasceram nesse ano. Quem nasceu no ano passado, tem que pegar na ONG. Se a ONG não ganha nada, porque manter ela lá, porque tanto medo de tirar ela lá de dentro?”, conta.
“Disseram para o meu marido que apenas a mãe poderia pegar a fórmula. Eu estava de resguardo, em repouso, recuperando da cesárea e ainda levar a criança com menos de um mês de vida, na chuva, de madrugada, porque tem que chegar para ser atendido de 8h30 às 9h. Tem que ir pra fila e ficar esperando de fora do hospital, porque eles não permitem a gente entrar já que a fila fica na parte externa. Não é o dinheiro, é o direito”, conclui Ana.
Assim, Renato questiona o fato de uma ONG “ocupar o espaço de uma unidade federativa para fazer um trabalho que é de responsabilidade da própria unidade. Como podem eles decidirem quem tem ou não direito à fórmula?”, disse.
Resposta do Hospital
Em reposta à Agência de Notícias da Aids, o diretor de Distribuição de Medicamentos, Sérgio Aquino, disse que, em função das reivindicações, o hospital acaba de implementar mudanças paras as novas mães. “Nosso objetivo é fazer com que as próximas pacientes já saiam do hospital com as latas de leite para pelo menos um mês. A próxima etapa da implementação é entrar em contato com todas as mães do ano passado para pegarem o leito diretamente com a gente. Há mães que moram muito longe, na maioria das vezes não conseguimos fazer um bom contato, por isso estamos ajustando. Quanto à ONG, nossa preocupação no momento é garantir a quebra da cadeia de transmissão, a gente quer trabalhar com a ONG, mas em outras atividades.”
Para acessar o PCDT, clique aqui.
*A pedido da entrevistada, sua identidade foi preservada
Dica de entrevista
Renato da Matta
E-mail: [email protected]
(21)99663-6673
Data da matéria 02/03/2020 - 11h02
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle
Telefone: (21) 2264-5844
Créditos - Agencia de Noticias AIDS.
linck da matéria https://agenciaaids.com.br/noticia/63068/
Atualizando ontem dia 26/09/2020 tive uma reunião com a atual direção e após sete meses de muita luta minha, parece que consegui resolver a situação, mesmo por que a antiga direção não tinha o mínimo interesse que o programa de leite, via ministério da saúde funcionasse, para poder talvez de alguma forma beneficiar a citada ong.
Planejo se tudo der certo aumentar a dispensação de formula para as crianças de seis meses e fornecer o leite por ate um ano.
Meus agradecimentos a nova direção do Hospital Gaffree & Guinle pela recepção e uma super boa vontade ,de finalmente o hospital cumprir seu dever com todas as crianças filhas de mamães soropositivas.
Acredito que de agora em diante as mamães não passarão mais por este tormento, de não terem mais leite para seus bbs,pois elas já sairão do hospital com o leite em mãos.