A conferência não teve nenhuma noticia efetiva sobre a cura da AIDS. Fala-se muito em cura, mas todos nos ouvimos isto já faz uns 20 anos! A cura pode chegar a qualquer momento ou daqui a 30 anos. Vai saber...
O que presencio é que no mundo inteiro os doentes de AIDS padecem em relação à estigmas, discriminação, tratamento, falta de oportunidades e emprego. Dependendo de sua etnia, país, condições socioeconômicas, questões morais e religiosas, mas o sofrimento e o preconceito são grandes em todo mundo.
O grande momento da conferencia foram as manifestações da sociedade civil de todos os países que estiveram presente no evento. Bem organizadas e com propósito em comum em protestar pela falta de importância efetiva ao tratamento dos portadores de HIV/AIDS no mundo. Só a sociedade civil unida poderá reverter esta situação por que a AIDS envolve grandes interesses tanto na indústria farmacêutica como os governos de alguns países. Ficaram gravados em minha mente os momentos mais emocionantes desta conferencia: a passeata pelas ruas, os protestos das pessoas envolvidas em causas humanitárias e principalmente os “ativistas guerreiros” que lá conheci e convivi por um breve tempo, alguns mais conhecidos outros não tanto!!! Fizemos muito barulho para chamara a atenção da imprensa mundial e mostrar que aqui no Brasil as coisas não são essas “maravilhas” que o Governo insiste em fantasiar. Não podemos ficar de braços cruzados, esperando que as coisas se resolvam por si só ou ficar comparando o panorama da AIDS de 20,30 anos atrás e achar que está tudo muito bem obrigado porque não está. Merecemos mais! Merecemos respeito, dignidade, tratamento contínuo sem a falta de medicamentos por atrasos em insumos, falta de exames, má gestão na saúde e politicagem de grandes laboratórios.
Espero que a chama de esperança que se acendeu nesta conferencia não se apague. Eu pelo menos farei o possível e acredito que os grandes companheiros de lutas também não vão deixar que isto aconteça. Parabenizo a toda sociedade civil mundial pelo empenho, luta, amor à vida e ao próximo.
Por Renato da Matta
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Com discurso de Bill Clinton, termina em Washington a 19ª Conferência Internacional de Aids.
27/07/2012 - 19h10
Ao ser anunciado para fazer um dos últimos discursos da Conferência Internacional de Aids, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton foi muito aplaudido, mas no mesmo momento ativistas ergueram faixas pretas, protestando contra os tratados de livre comercio internacional liderados pelos EUA, como a NAFTA e a TPP. Segundo eles, tais acordos podem dificultar a comercialização de medicamentos genéricos.
Durante sua fala, Clinton se referiu ao Brasil ao dizer, que o País, assim como a China, tem mostrado interesse em ajudar no enfrentamento da pandemia ao redor do mundo. O ex-presidente disse também que a cidade de São Paulo, assim como São Petersburgo (Rússia), são exemplos na prevenção da transmissão vertical do HIV.
Clinton destacou o trabalho da sua Fundação no financiamento de ações de prevenção do HIV e tratamento da aids na África, e disse acreditar que os investimentos internacionais não irão acabar enquanto os países mostrarem que estão fazendo bom uso do dinheiro. “Se continuarem mostrando bons resultados, o dinheiro continuará chegando”, disse.
Ele se referiu ainda ao Malawi como exemplo para os EUA no tratamento universal da aids e reforçou a importância de se enfrentar o preconceito para combater a epidemia. “Discriminação contra os homossexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas ou qualquer outro tipo de discriminação só atrapalha na luta contra a aids”, disse.
Além do ex-presidente, a atriz Whoopi Goldberg também ganhou destaque nas apresentações do último dia do evento. A comediante chamou a atenção sobre o impacto que a tuberculose tem na luta contra a aids, e pediu para que esta doença deixe de ser negligenciada.
“Rumo ao fim da aids”
Segundo concluíram os organizadores do evento, o fim da aids será possível se houver continuidade dos investimentos financeiros e dos compromissos políticos e científicos.
“Vimos aqui avanços científicos, possibilidades promissoras para a cura e a participação de pessoas que vivem com HIV há pouco e há muito tempo. Gostaria agora que todos os participantes voltassem para suas casas com este sentimento de urgência que conseguirmos aqui para por fim à aids”, disse o coordenador geral do evento, Elly Katabira.
Quase 24 mil pessoas de 183 países participaram da Conferência, sendo 12.042 participantes dos EUA e 221 do Brasil. Representantes dos veículos de comunicação somaram quase 2000.
A coordenadora local da Conferência, Diane Havlir, acredita que este encontro irá marcar a história do combate à pandemia. “Está é a primeira vez que estamos todos reunidos por um único objetivo: o fim da aids”, disse.
A líder dos Democratas na Casa Branca Nancy Pelosi também participou do último dia da Conferência. Para ela, o HIV e aids é um problema que ultrapassa as fronteiras. “Por isso, os Estados Unidos continuarão investindo em tratamento e prevenção no país e ao redor do mundo”, comentou.
Declaração de Washington
Para “Juntos virar a maré”, lema da Conferência de Washington, a Sociedade Internacional de Aids – responsável pela organização do evento – criou a Declaração de Washington.
O documento, disponível no site www.dcdeclaration.org, pede nove ações básicas contra a pandemia:
1 – Aumentar os novos investimentos
2 – Garantir as ações de prevenção, tratamento e cuidados baseadas em evidências
3 – Acabar com o estigma, a discriminação e as sanções legais de abuso aos direitos humanos
4 – Aumentar os serviços de aconselhamento e testagem voluntária para o HIV, criando relação deles com os serviços de prevenção, cuidado e tratamento
5 – Prover tratamento para todas as mulheres grávidas e para as que estão amamentando
6 – Expandir o acesso ao tratamento antirretroviral para todos que precisam
7 – Identificar, diagnosticar e tratar a tuberculose
8 – Acelerar as pesquisas
9 – Evolver e mobilizar as comunidade afetadas na resposta contra a doença
Próxima Conferência será na Austrália
A 20ª Conferência Internacional de Aids acontecerá de 20 a 25 de julho em Melbourne, na Austrália, e terá como coordenadora geral, a pesquisadora Françoise Barré-Soinoussi, integrante da equipe francesa que descobriu o vírus HIV.
A ideia de realizar a Conferência na Austrália é poder unir as estratégia de enfrentamento da doença entre a Ásia e o Pacífico, região, que juntas, somam a maior área territorial do planeta e com mais população. “Trata-se de uma região com diferentes opostos de riqueza e com uma mistura complexa de determinantes para o risco de infecção do HIV”, disse Françoise.
*Texto de Lucas Bonanno, de Washington